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oto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
oto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Em espanhol existe a expressão “desplazados ambientales”, cuja tradução mais próxima de sua poderosa expressividade talvez seja “desterrados ambientais”. Não é apenas uma questão de desalojados, ou deslocados, ou relocados, porque carrega a carga da expulsão forçada e do não-retorno. Assim, ao redor de todo o mundo, os desterrados ambientais sabem que não podem mais voltar, ou se voltarem, sabem que poderão morrer, ou serem expulsos mais uma vez pelas forças da natureza. Pior, na maioria das vezes os desterrados ambientais não têm para onde ir.

 

Os desterrados ambientais sabem que não podem mais voltar, ou se voltarem, sabem que poderão morrer, ou serem expulsos mais uma vez pelas forças da natureza

 

Assim estão nações inteiras, sobretudo ilhéus, que veem os territórios que residem serem ocupados pela água, ou por secas, ou por ondas de calor insuportáveis para a pessoa humana.
Infelizmente as lideranças mundiais já decidiram que não irão tentar reverter as causas das mudanças climáticas. As petroleiras já decidiram que vão continuar aumentando o consumo de petróleo até 2050, isto é, até ele se tornar inviável economicamente. Essa é a transição energética que existe de fato. Em relação às mudanças climáticas, de nada valem outras fontes de energia se o consumo de petróleo continuar aumentado.
No Brasil, o agronegócio continua desmatando como se não guardasse nenhuma relação entre as mudanças climáticas e a devastação dos biomas brasileiros. Nem mesmo uma tragédia socioambiental como essa que se abateu sobre o Rio Grande do Sul parece demover os que mandam no mundo – e no Brasil – dos rumos adotados por essa civilização predadora.

 

Apostar em simples mitigação e adaptação, sem levar em conta as causas, é como uma guerra de espada na escuridão.

 

Nos meios ambientalistas muito se fala em “adaptação e mitigação” dos efeitos extremos, mas também pouco se fala em ir às causas dessas mudanças. É como se as mudanças fossem controláveis e amenizáveis por alguns cuidados compensatórios. O Rio Grande do Sul demonstra que não temos poder algum sobre as forças da natureza, até porque não sabemos até onde elas poderão chegar. Apostar em simples mitigação e adaptação, sem levar em conta as causas, é como uma guerra de espada na escuridão. Como dizem os cientistas ultimamente, “mergulhamos no desconhecido”.
Como diz o Papa Francisco na Laudate Deum, já estamos mergulhados nas mudanças climáticas. Muitos desses fenômenos já são irreversíveis. Se, de fato, conseguíssemos equilibrar a emissão de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera, então teríamos alguma esperança mais factível. Afinal, é ciência, não religião.
Do contrário, só resta esperar pelo imponderável, no sentido que a Terra seja mais generosa para conosco do que somos para com ela. Ou então, apelar para uma intervenção divina.
Oremos!

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