Mobilização e articulação entre povos originários e tradicionais, movimentos e entidades parceiras tem sido ferramenta de enfrentamento à violência que atinge as comunidades e também na defesa dos direitos
Heloisa Sousa | CPT
Animado com cantos e elementos de espiritualidade, o segundo dia do Seminário Povos e Comunidades Contra a Violência, nesta quarta-feira, iniciou com mística trazendo a terra, a água, as sementes e a palavra de Deus ao centro do espaço das falas. Dando continuidade ao momento de partilha dos desafios e conquistas nos territórios, iniciado no primeiro dia, os grupos destacaram a contaminação dos rios e das matas pela pulverização de agrotóxicos e garimpo de ouro, além da invasão dos empreendimentos de transição energética nas comunidades.
“Dos territórios vêm nossos direitos, nossas lutas, nossas espiritualidades e nossas forças e é nos territórios onde a gente constrói nossas redes”. A fala é do padre Dário Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (Cepast-CNBB), que apresentou o Projeto Popular “O Brasil que queremos: o bem querer dos povos”, lançado no dia 02 de agosto.
A manhã também contou com análise de conjuntura, realizada por Luis Ventura, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Segundo ele, uma boa análise deve ser feita a partir dos territórios, que são, ao mesmo tempo, o lugar do conflito e o lugar da vida, dos conhecimentos e das ancestralidades. “A luta pela terra e pelo território é a principal, é a mais estratégica. Sabemos que é absolutamente fundamental para o capital a invasão e o roubo dos territórios”.
Luis Ventura falou ainda do papel do Estado no fortalecimento do agronegócio e dos grandes empreendimentos da indústria energética, que violentam os povos. “A gente vem de uma noite escura, de quatro anos de governo Bolsonaro, um ano de governo Temer e um processo de ruptura. Mas nós não podemos usar isso como muleta para aceitar migalhas do atual governo e do Congresso”, alertou.