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Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano
Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração
Participantes reunidos no Seminário | Foto: Ir. Neusa Santos
Participantes reunidos no Seminário | Foto: Ir. Neusa Santos
A Comissão para Ecologia Integral e Mineração da CNBB colaborou com a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos (CLAR) na organização do seminário “Ecologia Integral, sinodalidade e território”, com tema “Escuta sinodal dos territórios em resistência” e lema “Uma ecoteologia para a Vida Religiosa hoje”.

 

Por padre Dário Bossi, assessor da CNBB

 

O seminário, realizado em Belo Horizonte–MG entre 26 e 29 de julho de 2024, reuniu cerca de quarenta religiosas/os e leigas/os do continente latino-americano, vindo de México, Colômbia, Bolívia, Argentina e Brasil, querendo aprofundar o ensino social e ambiental da Igreja a partir do encontro e do diálogo com as vítimas dos grandes projetos de mineração e as comunidades que resistem ao extrativismo predatório.
Os participantes dedicaram-se à visitação e escuta dos grupos e famílias de Brumadinho, região afetada pelo desastre-crime causado pela empresa mineradora Vale. O rompimento da barragem em Brumadinho provocou o maior acidente de trabalho da história do país, resultando em 272 mortos, dos quais 3 continuam desaparecidos, e na contaminação da bacia do rio Paraopebas. A visita foi marcada por momentos de mística e escuta, proporcionando uma vivência profunda da realidade enfrentada pela comunidade local. A atividade reforçou o compromisso dos religiosos com a ecoteologia e a justiça ambiental, conectando espiritualidade e ação concreta.
O seminário teve como objetivo geral aprofundar de forma sinodal a proposta da ecologia integral, visando promover uma mudança no estilo de vida e nas estruturas socioeconômicas. A iniciativa almeja uma conversão que vá além da espiritualidade, impactando diretamente as ações e decisões no contexto socioambiental. Entre os objetivos específicos do evento estão: oferecer ferramentas para aprender a ler, habitar e cuidar dos territórios, capacitando os participantes a compreender melhor os territórios que habitam e desenvolvendo um senso crítico e práticas sustentáveis de cuidado com o meio ambiente; compartilhar experiências concretas no continente sobre a experiência atual da ecologia integral, proporcionando um espaço para a troca de experiências e iniciativas bem-sucedidas que já estão sendo implementadas em diversos países da América Latina; e sondar diretrizes e ferramentas para caminhar juntos diante dos grandes projetos do extrativismo, anunciando a boa nova do Evangelho à luz do sonho da ecologia integral.
Segundo Mónica Benavides, HDV, “o território é habitado pelas pessoas que o organizam por meio de inter-relações, renovando-o por meio de processos comunitários, práticas cotidianas, técnicas, normas e com a metamorfose do tempo em transformação. O território é uma construção social, um processo de interação e interconexão no qual cada comunidade produz seu espaço percebido, concebido e vivido. Habitar o território é tecido a partir dos vínculos entre as pessoas e o território, razão pela qual articula a interdisciplinaridade e a reflexão sobre a práxis que se gesta no cotidiano das comunidades”.
Irmã Eliane Cordeiro, Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil, comentou: “Como mulheres e homens da aurora, queremos sempre levar a boa notícia aos que sofrem, afirmando que a palavra final é a vida, e não a morte. Reafirmamos nosso compromisso com a vida”.
A vida religiosa e as organizações leigas participantes assumiram diversos compromissos, resumidos nos seguintes itens:
  • Conversão Ecológica Integral a partir da abordagem territorial;
  • Apoio aos Guardiões da Criação;
  • Influência ad intra e ad extra da Igreja Católica;
  • Alternativas a partir da economia de Clara e Francisco.
A carta final do evento destaca: “Como vida religiosa assumimos com amor e vocação o dom do serviço para ouvir o Grito da Terra, as vozes dos empobrecidos, das comunidades tradicionais e dos povos indígenas e afrodescendentes. Somos solidários com a resistência ao extrativismo predatório. As ações de resistência das comunidades são pautadas na espiritualidade do cuidado, enfrentam os conflitos socioambientais e inspiram o serviço profético da Igreja e da Vida Religiosa”.
Leia a seguir a carta final em sua versão integral.

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