Anuário sobre Direitos Humanos no Brasil, reúne 25 artigos entre eles, destaque para o capítulo “A morosidade do Estado e a violência do agronegócio” de Jardel Lopes

 

 

Por Rafaela Ferreira| CCVC

Edição: Cláudia Pereira| Cepast-CNBB

 

 

Um  olhar sobre a realidade do campo brasileiro no  lançamento da 25ª edição do livro “Direitos Humanos no Brasil”. A publicação anual da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos aborda um sobre as violações de direitos no país, com destaque para a violência perpetrada pelo agronegócio.
Entre os 25 artigos assinados por 32 autores de diversas regiões do país, o capítulo “A morosidade do Estado e a violência do agronegócio”, assinado por Jardel Lopes, secretário-executivo da Campanha contra a Violência no Campo, apresenta a realidade dos enfrentamentos da violência no campo nos últimos tempos. O texto analisa a intrincada relação entre a lentidão do Estado na demarcação de territórios e a escalada da violência promovida pelo setor agropecuário, intensificando os conflitos no campo.
Os dados apresentados no artigo revelam um cenário preocupante. Em 2023, o Brasil registrou 2.203 conflitos agrários, culminando em 31 assassinatos – o maior número desde 1985, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também contabilizou 276 invasões em 202 territórios indígenas, espalhados por 22 estados, agravando a destruição ambiental e as violações de direitos.
“A violência contra essas comunidades aprofunda as desigualdades sociais, provoca a fome, o trabalho escravo, doenças, exploração sexual e do trabalho infantil, e violência contra mulheres”, afirma um trecho do artigo de Jardel Lopes.
As raízes da violência e luta por justiça
O livro expõe as principais causas da violência no campo: a exploração econômica desenfreada, o desmatamento predatório, a grilagem de terras e o trabalho escravo. A impunidade e a ausência de políticas públicas eficazes só agravam a situação, ampliando as desigualdades sociais e colocando em risco a vida dessas populações.
Povos indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais são as principais vítimas dessa violência. Expulsões, contaminação de terras e ameaças de morte fazem parte do cotidiano dessas comunidades, que lutam pela preservação de seus territórios e pela garantia de seus direitos fundamentais. Diante desse cenário, a Campanha Nacional Contra a Violência no Campo, lançada em 2022, emerge como um farol de resistência. Reunindo organizações sociais e populares, a campanha denuncia as violações e exige justiça, impulsionando a luta pela reforma agrária, a proteção ambiental e a garantia dos direitos humanos.

 

25 Anos de Compromisso com os Direitos Humanos
A 25ª edição do livro “Direitos Humanos no Brasil” não apenas ilumina a problemática da violência no campo, mas também oferece uma perspectiva histórica sobre as políticas públicas e os direitos humanos no país ao longo desses 25 anos. Desde 2000, a publicação, organizada pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, com a participação de mais de 260 organizações sociais e universidades, se consolida como um importante instrumento de análise e denúncia, apresentando um amplo panorama sobre os direitos humanos e sua intrínseca ligação com o cotidiano de toda a sociedade. O livro aborda uma diversidade de temas como meio ambiente, alimentação, saúde, educação, trabalho e cultura, incluindo questões rurais e urbanas, mostrando a complexidade da luta por direitos no Brasil.

 

O livro está disponível para baixar – clique aqui e boa leitura.  25ª edição do livro “Direitos Humanos no Brasil