Fala-se muito sobre os estragos provocados pelas chuvas torrenciais que, nos últimos meses, têm atingido o Brasil e outras partes do mundo. No entanto, pouco se discute sobre suas causas e a verdade por trás desse fenômeno. O aumento da temperatura da Terra, consequência do desmatamento impulsionado pelo mercantilismo do agronegócio e da monocultura, intensifica a liberação de carbono, alterando os equilíbrios naturais e afetando os ciclos das plantas e dos animais. As consequências são graves, como foi o caso da COVID-19, cujos impactos já tendemos a esquecer rapidamente.
Diante disso, diversas vozes se levantam para nos conscientizar de que não estamos diante de eventos isolados ou meros caprichos do destino. Trata-se de uma necessidade urgente de mudança de estilo de vida, abandonando o consumismo desenfreado e o tecnicismo excessivo em favor de um modelo mais simples e sustentável. Entre essas vozes está a do Papa Francisco, que, após o apelo da Laudato Si’, há dez anos, voltou a se manifestar em 2023 com a Laudate Deum, alertando sobre os impactos das mudanças climáticas.

 

O Papa declara com clareza:
“Por muito que se tente negá-los, escondê-los, dissimulá-los ou relativizá-los, os sinais da mudança climática se impõem de forma cada vez mais evidente. Ninguém pode ignorar que, nos últimos anos, temos assistido a fenômenos extremos, a períodos frequentes de calor anormal, seca e outros gemidos da terra, que são apenas algumas expressões palpáveis de uma doença silenciosa que nos afeta a todos. É verdade que nem todas as catástrofes podem ser atribuídas à alteração climática global. Mas é possível verificar que certas mudanças, induzidas pelo homem, aumentam significativamente a frequência e a intensidade de fenômenos extremos. Trata-se de um problema social global, intimamente ligado à dignidade da vida humana.”
Citando os bispos dos Estados Unidos e os presentes no Sínodo da Amazônia, Francisco reforça que as mudanças climáticas não são apenas uma questão ecológica:
“Nosso cuidado pelo outro e nosso cuidado com a terra estão intimamente ligados. As alterações climáticas são um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global precisam enfrentar. Seus efeitos recaem sobre os mais vulneráveis, tanto em nível nacional quanto mundial. Os ataques à natureza têm consequências diretas na vida dos povos.”
Os bispos africanos chegam a definir as mudanças climáticas como “um exemplo chocante de pecado estrutural”.
Diante de evidências tão claras, não há mais espaço para discursos vazios, politicagens ou alarmismos superficiais. Agora é tempo de ações concretas, coletivas e transformadoras, que alterem nossos hábitos para garantir nossa sobrevivência e a das futuras gerações. Que saibamos, de fato, assumir essa responsabilidade. Boa noite!

Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 19 de fevereiro de 2025. 

 

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