Por Luis Miguel Modino

 

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB-Norte 1) realizou o Seminário das Pastorais Sociais, de 23 a 25 de maio, em Manaus (AM), com o tema “No chão da Amazônia: caminhos no cuidado da Casa Comum” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn. 1,31).

Objetivos

Um seminário que procura “contribuir na formação de lideranças para atuar no cuidado da Casa Comum, à luz dos documentos Laudato Sí, Laudate Deum, Querida Amazônia, Documento de Santarém, Texto base da Campanha da Fraternidade 2025 e dos ensinamentos propostos no Jubileu da Esperança 2025”. Junto com isso, o seminário também teve o propósito de promover o diálogo sobre a Ecologia Integral entre as pastorais sociais; socializar aprendizados adquiridos no processo de formação e das experiências compartilhadas, favorecendo maior integração entre as pastorais sociais do Regional Norte 1; e propor caminhos para o fortalecimento das ações que contribuem para a ecologia integral na Amazônia.

Como é costume nos últimos anos no Regional Norte 1 da CNBB, o Seminário das Pastorais Sociais é um momento de reflexão ligada à temática da Campanha da Fraternidade. Com a assessoria do padre Dário Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora, o Seminário contou com 120 participantes, coordenadores/as das Pastorais e Organismos, representantes das dioceses, prelazias e lideranças. O assessor apresentou a trajetória histórica da temática do cuidado da Casa Comum nos documentos da Igreja, especialmente no Sínodo para a Amazônia.

Oficinas e feira da solidariedade

A programação do Seminário contou com seis oficinas temáticas, a partir de diversas perspectivas e possibilidades do cuidado com a Casa Comum, como a espiritualidade ecológica, a raiz humana da crise ecológica, com foco na fraternidade e na missão. As oficinas também foram oportunidades para que todas as Pastorais Sociais refletissem sobre o que podem fazer nas Igrejas Locais.
Um destaque do Seminário também foi a Feira da Solidariedade, aberta ao público, com exposição de trabalhos artesanais, com reaproveitamento resíduos, como expressão de cuidado com a Casa Comum e sustentabilidade.
Durante o evento o grupo também partilhou ressonâncias sobre a Pré-COP,  e foram aprofundadas algumas questões sobre a COP 30, mostrando o que é esse evento, o objetivo e papel de cada pessoa nessa oportunidade que será sediada em Belém (PA).

Um caminho de décadas

O Seminário representa uma oportunidade para esperançar, a partir das vivências dos povos e da Igreja da Amazônia, que peregrinam, construindo uma Igreja com rosto amazônico, um modo que foi tomando forma em Santarém 1972 e que teve na Laudato Si’ um forte incentivo. Um tempo de aprendizado, inspirado na Palavra de Deus Criador, mas também na caminhada eclesial, nascida no Concilio Vaticano II e que foi dando passos em Medellin, Santarém, Aparecida, o Sínodo para a Amazônia.

Perspectiva do cuidado

Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, dom Zenildo Lima, o Seminário ajudou, a descobrir “as dinâmicas que mexem com a realidade com a qual a gente lida, nessa perspectiva do cuidado”. Um tempo para “uma memória também das nossas percepções”, que mediante o discernimento são descobertas as intervenções necessárias. Mas também momento para fazer memória de “décadas de cuidado, de uma evangelização de cuidado da Casa Comum”, disse o bispo. Um caminho de fé, “que nos move, que nos movimenta, que nos impulsiona”, que conduz por um caminho ético.
“A nossa fé pode ser uma ferramenta, um instrumento de linguagem e não um instrumento que dificulta a relação entre os povos e entre as sensibilidades religiosas”, enfatizou dom Zenildo Lima. O bispo pediu uma mudança nas dinâmicas, nos modos de viver, que ajude a inaugurar algo totalmente novo, a exemplo daquilo que Jesus fez. A partir de uma fé bíblica, no Reino de Deus, como homens e mulheres comprometidos com as pastorais e com o cuidado da Casa Comum, como algo assumido por todas as pessoas.

Edição: Juce Rocha/Cepast-CNBB