Foto: Marcelo Victorio
Mais de 200 militantes de movimentos populares, centrais sindicais, entidades estudantis e organizações sociais se reúnem na cidade de Praia Grande, no Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo, para o Curso Nacional de Multiplicadores do Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo. 
O plebiscito é uma iniciativa política de escuta do povo brasileiro sobre a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, englobando o fim da escala 6×1; a taxação dos super-ricos e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil por mês.
O curso, que termina no domingo (1º), pretende formar ativistas para organizar o plebiscito em todo o país, enraizar a construção e fazer o debate com a população sobre temas tão fundamentais na vida de todos.
O plebiscito é uma ferramenta de unidade de ação da esquerda brasileira, de acordo com Igor Felippe Santos, integrante da coordenação nacional do Plebiscito Popular. “Precisamos avançar na organização popular e reconectar as nossas organizações com o povo brasileiro”, aponta. 
Durante os dias do curso, que teve início na última quinta-feira (29), os participantes acompanharão palestras e oficinas sobre o sistema tributário e a história da luta pela redução da jornada de trabalho. Além disso, será apresentado um passo a passo para organização do plebiscito e sobre como montar comitês municipais e estaduais para a coleta de votos.

Mobilização histórica

A socióloga Rosilene Wansetto, secretária-executiva do Jubileu Sul Brasil, participou da construção de todos os plebiscitos organizados pelos movimentos populares brasileiros desde a década de 1990.  A consulta popular sobre a entrada do Brasil na ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) reuniu 10 milhões de votos em 2002 e foi decisiva para barrar esse tratado econômico em toda a América Latina. 
Para Rosilene, a organização do plebiscito neste ano fortalece e impulsiona a mobilização popular no Brasil. “Precisamos dialogar, ir ao encontro do povo. O mais importante é estar junto das pessoas, nas ruas. O plebiscito é sinônimo de mobilização, organização e educação popular”, ressalta. 
Rosilene Wansetto, secretária-executiva do Jubileu Sul Brasil. Foto: Marcelo Victorio
O curso de multiplicadores terá como desdobramentos, nas próximas semanas, atividades de lançamento do Plebiscito Popular nos estados, além de cursos estaduais e mutirões de agitação e mobilização por todo país. 
A coleta de votos começará em 1º de julho e irá até 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. 
Os votos serão entregues ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente da Câmara Hugo Motta, ao presidente do Senado David Alcolumbre e ao Ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, para pressionar a implementação das medidas.
O plebiscito surgiu da necessidade de enfrentar a super exploração do trabalho e a injustiça fiscal que marcam a sociedade brasileira, numa iniciativa que mobiliza dezenas de movimentos sociais, estudantis, sindicais, organizações da sociedade civil e entidades de todo o país, entre as quais a Comissão para a Ação Sociotransformadora da CNBB, a Rede Jubileu Sul Brasil e o Grito dos Excluídos e Excluídas.