Em mensagem para o dia 20 de junho, a organização eclesial destaca o número recorde de deslocados no mundo e no Brasil, e cobra a implementação de políticas públicas e uma acolhida humanizada.
Por Cláudia Pereira | Cepast- CNBB
Em uma mensagem incisiva divulgada para o Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho a Rede CLAMOR Brasil, o organismo da Igreja Católica que atua na América Latina e Caribe em defesa da pauta sobre a migração e refugiados, fez um apelo por uma resposta mais solidária e eficaz à crise global de deslocamento forçado. A organização destacou que, por trás das estatísticas alarmantes, existem pessoas concretas, com nomes, sonhos e direitos inalienáveis.
A mensagem ressalta dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que apontam para mais de 120 milhões de pessoas forçadas a deixar seus lares em todo o mundo. Deste total, 43,4 milhões são refugiados que buscaram proteção para além das fronteiras de seus países. O cenário nacional também é preocupante: segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o Brasil já reconheceu mais de 150 mil pessoas como refugiadas até 2024.
A Rede CLAMOR enfatiza que as causas desses deslocamentos são múltiplas e complexas, incluindo conflitos armados, perseguições sistemáticas e catástrofes climáticas. “Vivemos um tempo marcado por conflitos que continuam expulsando pessoas de suas casas, países e narrativas de vida”, afirma um trecho do documento. Citando o Papa Francisco, a rede reitera que “a guerra é sempre uma derrota da humanidade” e que “ninguém se salva sozinho, só é possível salvar-se juntos.
Apelo por políticas públicas e olhar interseccional
Um dos principais pontos da mensagem é a cobrança pela implementação da Política Nacional de Migração, Refúgio e Apatridia no Brasil. A Rede CLAMOR descreve a política como um instrumento essencial para garantir acolhida qualificada, integração social e proteção integral e defende que sua construção deve contar com a participação ativa dos próprios refugiados. “Nada sobre eles pode ser decidido sem eles: suas vozes, experiências e saberes devem ocupar o centro dos processos decisórios”, defende a organização
A mensagem faz uma abordagem sensível no acolhimento, reconhecendo que as vulnerabilidades se manifestam de formas distintas. O documento aponta para os riscos específicos de violência de gênero enfrentados por mulheres, o peso do racismo estrutural sobre pessoas negras e indígenas e as barreiras intransponíveis para aqueles em situação de pobreza.