Dom Vicente de Paula Ferreira apresentou aos 12 deputados e deputadas presentes posicionamentos da Igreja em defesa da ecologia integral e encorajou o mesmo trabalho no parlamento brasileiro

Redação | Ascom Cepast-CNBB

Nesta quarta-feira (2), o presidente da Comissão para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEEM-CNBB), Dom Vicente de Paula Ferreira encontrou membros do grupo de parlamentares Fratelli Tutti. Grupo pluripartidário que se inspira na encíclica do Papa Francisco e em seu magistério, com o compromisso de assumir a política como um serviço à vida, na perspectiva do Bem Comum e na promoção da justiça social e ambiental.
Na ocasião, dom Vicente apresentou o documento da Igreja do Sul Global rumo à COP30, com um posicionamento de denúncia e anúncio cristão, que foi apresentado também ao Papa Leão XIV, em vista da participação da Santa Sé na Conferência da ONU prevista para novembro, na cidade de Belém, Pará.
12 deputados e deputadas federais participaram do encontro e conheceram ainda o manifesto “Ecologia Integral: uma narrativa para enfrentar a crise socioambiental planetária”. O documento que será entregue também à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, com um apoio à sua iniciativa para um “Balanço Ético Global” sobre a emergência climática.

“A Igreja tem muito a contribuir no cuidado da Criação, a partir da perspectiva ética e da visão da ecologia integral”, destacou o bispo.

Repúdio ao PL da Devastação

A Comissão para a Ecologia Integral e Mineração e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz manifestaram apoio aos parlamentares que integram o grupo Fratelli Tutti, no momento em que a maioria do Congresso está pautando decisões contra os interesses da maioria da população e extremamente graves para a Casa Comum. Dom Vicente ressaltou a denúncia e o repúdio da CNBB ao PL 2159/2021, que institui uma nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental: popularmente conhecido como “PL da Devastação”, porque flexibiliza o licenciamento ambiental, aumentando os riscos de acidentes e violência socioambiental contra comunidades e territórios. 
Movimentos populares, organizações ambientais, comunidades e povos estão bastante mobilizados contra este Projeto de Lei (PL), com plenárias nacionais online e uma mobilização organizada para o dia 13 de julho.
Outra expressão de mobilização popular que foi debatida e valorizada é o Plebiscito Popular para a taxação das grandes fortunas e para a redução da escala de trabalho 6×1. A Igreja está atuando junto aos movimentos populares na organização deste plebiscito, com participação ativa da Comissão para a Ação Sociotransformadora (Cepast-CNBB), Rede Jubileu Sul Brasil, Grito dos Excluídos e Excluídas, entre outros atores.

Mobilização pela vida

Os deputados e deputadas analisaram que o cenário político atual está muito difícil e que a incidência política no contexto institucional precisa, mais do que nunca, de mobilização nas ruas, envolvimento das juventudes, capacidade de comunicar com coragem e se posicionar com profecia. Dom Vicente comentou que “a polarização do mundo de hoje é entre quem está matando e quem está morrendo. Essa é a real polarização!”. Os deputados/as manifestaram apoio à causa sofrida da Palestina, com um verdadeiro genocídio ainda em curso, e reiteraram a intenção de convocar, em agosto, uma audiência pública em homenagem à quatro bispos, figuras históricas, cuja memória de falecimento acontece exatamente em agosto: Dom Helder Câmara, Dom Luciano Mendes de Almeida, Dom José Maria Pires e Dom Pedro Casaldáliga.

Dom Vicente incentivou o grupo a se manter firme na caminhada: “Não tenhamos medo. Todos os projetos de morte foram destruídos ao longo da história. Nós precisamos permanecer fiéis ao projeto do Reino; esse grupo Fratelli Tutti é uma semente de esperança e fidelidade ao Evangelho”. 

Num cenário de extrema preocupação pelo contexto político e social do país, não falta esperança no coração do bispo, que concluiu o encontro com as seguintes palavras: “O amor e a Graça são muito mais ancestrais que o ódio e o egoísmo. O amor e a Graça vão emergir, e se conectarão com a força ancestral dos povos originários. Eu gostaria de estar do lado da emergência dessa força, que é aquela das minorias abraâmicas”.