Regionais da CNBB do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina articulam ações pela ecologia integral e justiça socioambiental em âmbito da macrorregião

Por Osnilda Lima | Fotos: Jaison Alves da Silva | Ascom Pré-Cop Sul
No encontro Pré-COP Sul, realizado na Casa de Encontro Divino Oleiro, em Governador Celso Ramos, Santa Catarina, de 17 a 20 de julho de 2025, os Regionais Sul 2 (Paraná), Sul 3 (Rio Grande do Sul) e Sul 4 (Santa Catarina) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em conjunto com suas pastorais, organismos e movimentos sociais, definiram compromissos para o cuidado com a Casa Comum. As discussões, reflexões, orações, debates, rodas de conversa e cartografias da esperança levaram ao compromisso de ações conjuntas da Igreja, tanto em nível regional quanto na macrorregião, visando qualificar e fortalecer iniciativas existentes e expandir a atuação no campo socioambiental.
A mesa de abertura contou com a presença de bispos dos três regionais da CNBB no Sul do Brasil. Completando o grupo, estavam Rocheli Koralewski, da secretaria de articulação do projeto “Igreja Rumo à COP 30”, e o professor Telmo Vieira, representante do Movimento Laudato Si’ no Regional Sul 4 da CNBB. Em sua fala de destaque, Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ressaltou o protagonismo da Igreja na defesa da ecologia integral e da justiça climática. Com alegria e esperança, Dom Ricardo transmitiu o reconhecimento da Presidência da CNBB a todos os participantes do encontro.
Ele aproveitou para destacar e agradecer às instâncias promotoras do projeto “Igreja Rumo à COP 30: articulação por ecologia integral e justiça climática”. Entre elas, a Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da CNBB, a Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração, o Movimento Laudato Si’ e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil). Dom Ricardo também fez um agradecimento especial ao Regional Sul 4 da CNBB, que acolhe o evento.
O secretário-geral da CNBB enfatizou o protagonismo e a originalidade da iniciativa, que, segundo ele, “nasce do coração missionário e profético da Igreja no Brasil”. Ele ressaltou o vigor crescente do projeto, fundamentado na escuta ativa, na metodologia sinodal e na mobilização consciente de comunidades, pastorais, organismos e lideranças. Para Dom Ricardo, essa é uma ação evangelizadora que aborda “uma das urgências do nosso tempo: o cuidado com a Casa Comum”.
Dom Ricardo Hoepers fez um chamado veemente à corresponsabilidade diante dos desafios climáticos. “Somos todos chamados a uma conversão ecológica, como propõe o Papa Francisco, que transforme nosso modo de habitar o mundo, de consumir, de produzir, de legislar, de governar e, sobretudo, de nos relacionarmos com os pobres e com a criação de Deus”, afirmou.
Durante o evento os regionais articularam ações no compromisso de defesa da Casa Comum:

Regional Sul 2: pastoral da ecologia integral e projetos sustentáveis

O Regional Sul 2 destaca a atuação de um bispo referencial, um padre assessor e uma equipe de coordenação para a Pastoral da Ecologia Integral. Foram realizadas pré-COPs em algumas dioceses e desenvolvidos projetos como “Paróquia + Sustentável” e “Guardiões das Águas”.
Para fortalecer essas ações, o Regional Sul 2 propôs o “Junho Verde”, um projeto ecocatequético, o aprimoramento da comunicação da Pastoral da Ecologia Integral, a divulgação de boas práticas, o projeto “Festa + Sustentável” e a criação de um calendário regional de ações conjuntas.
Visando ampliar a atuação na macrorregião sul, o Sul 2 sugeriu a inclusão da Ecologia Integral na Assembleia Regional dos Bispos, a criação de um calendário conjunto de ações socioambientais, a elaboração de material formativo para pastorais e movimentos, um guia de boas práticas socioambientais, um Fórum Permanente com membros dos três regionais, ações para fortalecer a Agricultura Familiar, o incentivo a “projetos-piloto” e a criação de uma ação-símbolo/gesto concreto.

Regional Sul 3: engajamento com movimentos sociais e economia solidária

O Regional Sul 3 evidenciou a realização da Romaria da Terra, encontros com Movimentos Sociais pela Ação Evangelizadora, Encontro de Sementes Crioulas, Grito dos Excluídos, ações de solidariedade diante de eventos climáticos, Campanhas da Fraternidade, a Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária (FEICOP) e a Economia de Francisco e Clara.
Como oportunidades, o Sul 3 citou o Movimento Laudato Si’ como Pastoral da Ecologia, o encontro da Cáritas (06 a 08 de agosto), e o compromisso das entidades representadas com as pautas e agendas do tema, além de um encontro pós-COP30 para encaminhamentos.
Para expandir a atuação, o Sul 3 propôs assumir o Observatório da Ecologia Integral do La Salle como atividade comum regional e a criação de um Grupo de Trabalho em conjunto com o Observatório.

Regional Sul 4: luta por justiça socioambiental e engajamento contínuo

O Regional Sul 4 destacou o fortalecimento do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS), a Romaria da Terra e das Águas com o plantio de 5 mil árvores em cada diocese, a formação e sensibilização através do Movimento Laudato Si, as formações da CF 2025, o Projeto Rios, a redução do uso de materiais descartáveis em encontros, a campanha de demarcação de áreas indígenas do Morro dos Cavalos, a área de atuação Meio Ambiente Gestão de Riscos e Emergências da Cáritas Brasileira, a Pastoral dos Pescadores e a luta contra a mineração de carvão no sul do estado.
As oportunidades para qualificar e fortalecer as ações no Sul 4 incluem a Escola de Fé e Cidadania, o Fórum de Pastorais Sociais, a assunção da Campanha da Fraternidade como ação efetiva, o envolvimento da juventude nos processos e debates sociais, e a criação de formas para que as ações pastorais sejam transversais e contínuas.
Para ampliar a atuação conjunta, o Regional Sul 4 sugeriu a criação de uma Comissão Regional de Ecologia Integral para articular ações na Igreja e na sociedade, fortalecer a consciência política dentro da Igreja, sensibilizar pessoas para a participação (incluindo vereadores e deputados), fortalecer a Escola de Fé e Cidadania, elaborar material de subsídio para formação sobre Ecologia Integral, e garantir que a Ecologia Integral seja uma preocupação de toda a Igreja.
Além disso, o Sul 4 ressaltou a importância de oferecer formações de qualidade, contemplando a legislação ambiental, a participação ativa em espaços de controle social, e a organização de ações para que o debate da Ecologia Integral atinja e envolva pessoas não ligadas à Igreja.
Por fim, os grupos se reuniram para uma última conversa, o foco foi como as oportunidades identificadas nos Regionais podem se transformar em ações concretas para a Macrorregião Sul, envolvendo os Regionais da CNBB Sul 2 (Paraná), Sul 3 (Rio Grande do Sul) e Sul 4 (Santa Catarina). As discussões buscaram definir o que será feito, como, quem será responsável e quando as ações serão implementadas.