Reflexão sobre a crise global, o neocolonialismo e a força sociotransformadora do cuidado
Vivemos um momento social bastante delicado, marcado pelo chamado “tarifão” do presidente dos Estados Unidos — expressão de um ideal neocolonial que ainda tenta dominar o mundo, em contraste com o grupo dos países emergentes, que hoje são, de fato, os motores da economia global e, por isso, uma ameaça concreta a uma nação que, dia após dia, parece condenada a um declínio inevitável.
A situação provocada pela postura norte-americana evidencia com clareza a fragilidade de uma economia baseada exclusivamente nas commodities, desmentindo a narrativa da mídia onde tudo é pop, tudo é fácil — mas que, na realidade, alimenta a pobreza, os desequilíbrios ambientais e sociais, frutos de um modelo econômico consumista e excludente, que mata.
Embora se tente impor a ideia de que o fator econômico é a chave de tudo, não podemos ignorar a crise humana, estrutural e institucional expressa nos conflitos da Faixa de Gaza e da Ucrânia — e, junto a eles, nas múltiplas formas de violência estrutural vividas pela maioria dos países da África, da Ásia e, por que não, nas megalópoles da América Latina.
A crise, portanto, é muito mais profunda do que se pensa. Ela não se limita ao âmbito econômico: é uma crise global. Como afirma o Papa Francisco na Laudato Si’ e com ainda mais veemência em Laudate Deum, pouco — ou nada — tem sido feito pelas instituições em favor da promoção de uma ecologia integral.
Diante desse panorama aparentemente sombrio que nos é apresentado diariamente pela mídia, longe das câmeras, dos holofotes e dos palanques, ocorre uma grande ação sociotransformadora conduzida por diversas entidades sociais, religiosas, grupos e associações. Em vez da violência, da vingança, do punitivismo e do justicialismo, esses atores promovem um projeto de restauração de relações e de construção de caminhos de responsabilidade. De mãos dadas, acolhem, escutam, carregam as dores das pessoas e procuram trocar as lentes focadas na comercialização e no sensacionalismo por novos olhares — olhares que, por meio do perdão, renovam e reavivam a esperança.
São pequenas sementes de uma nova humanidade que, silenciosamente, está germinando — e que, no tempo certo, revelará um rosto mais humano e fraterno.
Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 31 de julho de 2025.