Imagem: Cláudia Pereira- solar/2024

O tempo em que vivemos, já próximos da metade do mês de setembro, e a memória da derrubada das Torres Gêmeas nos Estados Unidos, ocorrida em 2001, que hoje recordamos após um quarto de século, trazem-nos um cenário preocupante e desafiador de crise global. Uma crise que atinge nosso universo de relações e a própria Casa Comum, fortemente abalada por ventos de catástrofes naturais, sociais e planetárias que, como na crença Yanomami, nos fazem temer a queda iminente da abóbada do céu e uma morte social coletiva.

Mesmo diante desse quadro nada confortador, permanecem sinais de vida e de esperança que, embora pareçam insignificantes aos olhos da sociedade e até de setores religiosos e comunidades cristãs — que os desqualificam, rotulam de “esquerdistas” ou “comunistas” e até atacam seus próprios pastores — continuam firmes no caminho. Assim acontece com o Grito das Excluídas e Excluídos e a Romaria das Trabalhadoras e Trabalhadores, que há três décadas se renovam, persistindo em ocupar ruas e praças, animados pelos grandes valores humanos e religiosos. Esses movimentos alimentam a mística de uma Boa Notícia que constrói cidadania e fraternidade, no diálogo, na valorização da diversidade cultural, étnica e social, e no sonho de uma convivência harmônica e de paz na Casa Comum.

Mais do que nunca ecoam com força as palavras do Papa Francisco, num panorama onde tudo parece caminhar na contramão de um mundo justo: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”. Este chamado pode ser resumido no ideal do bem viver, tão caro aos povos originários do nosso continente, porque tudo nos interliga — somos parte de um mesmo todo.

É por isso que os genocídios, as dores e os gritos que se elevam dos holocaustos em curso, nas “Ucraínas” e “Gazas” deste mundo, são também as dores da natureza que sofre e clama. São nossas próprias dores que, animadas pela esperança da Terra Sem Males, insistem em acreditar, contra todo o desespero e descrença, mesmo como pequeno resto, como punhado de gente, na Civilização do Amor.

 

Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 11 de setembro de 2025

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