Por Cepast-CNBB*
“Eu vim do corpo da minha mãe
Ela me deu semente boa
Nutre meu corpo
Se espalha em bênçãos
Sou plantadeira de semente boa”
Em terras nordestinas, na cidade de Recife (PE), no Campus da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara realizou, de 11 a 14 de setembro, o 3º Encontro Nacional, com o tema “A economia pode ser justa para todas as pessoas já!”.
Oficinas, imersão nos territórios, visitas e participações desde as comunidades traduzidas pelas Casas de Francisco; poder público, envolvendo lideranças do Legislativo ao Executivo do Governo Federal; pastorais; movimentos; estudantes e lideranças populares nacionais estiveram em profunda sintonia com a realidade e o processo vivenciado pela Articulação no Brasil, desde o chamado do Papa Francisco para realmar a economia.
O apelo urgente por uma nova economia e radicalização, para alternativas que se tornem oficialmente meios de produção e consumo foram ampliados. A economia solidária, criativa, iniciativas da agroecologia, cooperativismo, enfrentamento e auditoria da dívida pública, assim como incidência política sob as leis de licenciamento ambiental e programas sociais, foram acúmulos reafirmados e repensados na dinâmica de uma nova economia, aonde as estruturas sejam urgentemente modificadas. Estruturas organizadas pelo capitalismo devem ser enfrentadas e superadas e não reformadas para considerações equivocadas como capitalismo humano ou economia verde.
O eixo da Casa Comum como tarefa é um convite, especialmente para as pastorais sociais, organismos e redes que compõem a Cepast-CNBB, à atuação conjunta, considerando em seus processos organizativos os princípios da Economia de Francisco e Clara.
Todo o encontro foi perpassado pela profundidade mística da simplicidade franciscana, com protagonismo dos povos tradicionais e originários, especialmente dos que estão no território pernambucano.
A Comissão Episcopal para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB) se fez presente por meio da assessora nacional, Alessandra Miranda, bem como de Comissões Regionais da CNBB que dedicam suas ações as pastorais sociais, assim como movimentos e iniciativas parceiras.
Para a Cepast-CNBB, o compromisso segue reafirmado na radicalidade do Evangelho, na Dimensão Social da Igreja e no reconhecimento da Articulação de Francisco e Clara, não como uma alternativa, mas como elementos concretos de transformação social, ecológica, espiritual, mística e relacional.
O que é a Economia de Francisco e Clara?
Inspirada na vida e no testemunho de São Francisco de Assis e Santa Clara, a Economia de Francisco e Clara nasce do chamado feito pelo Papa Francisco, em 2019, para que jovens economistas, ativistas e empreendedores do mundo inteiro repensassem os rumos da economia global. A proposta busca uma economia baseada na solidariedade, no cuidado com a Casa Comum e na centralidade da vida, especialmente a vida dos mais pobres e vulneráveis.
No Brasil, esse movimento se fortalece com o engajamento das juventudes, pastorais sociais, comunidades tradicionais e pesquisadores que acreditam ser possível construir uma economia mais justa, democrática, inclusiva e sustentável.
Histórico do encontro
As edições anteriores já mostraram a força dessa articulação. Em 2021, mesmo no formato online, o encontro mobilizou centenas de pessoas em todo o país. Em 2023, em João Pessoa (PB), o protagonismo das juventudes, povos e comunidades tradicionais fortaleceu ainda mais o compromisso por uma economia solidária, popular e sustentável. Agora, em Recife, o desafio é ampliar o diálogo e transformar práticas em políticas públicas concretas.
*Com informações de Alessandra Miranda
