CEEM e APIB fortalecem a luta para proteger territórios, lideranças indígenas e impulsionar as propostas climáticas rumo à COP30
Por Padre Dário Bossi – Assessor da Cepast-CNBB
Em aliança estratégica, a Comissão Episcopal Especial para Ecologia Integral e Mineração (CEEM-CNBB) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) se reuniram na última terça-feira (16) para fortalecer a defesa da pauta indígena e socioambiental no país. Durante o encontro, a Comissão se comprometeu a levar ao Papa as reivindicações dos povos originários e a apoiar propostas para a Conferência do Clima da ONU, à COP30.
O momento foi oportuno para que a CEEM apresentasse o seu “Manifesto sobre Ecologia Integral: “uma narrativa para enfrentar a crise socioambiental planetária”. O documento reforça a visão do Papa Francisco de que os povos indígenas são defensores da nossa “Casa Comum”.
Como recorda a encíclica Laudato Si’, os povos indígenas “devem tornar-se os principais interlocutores, especialmente quando se avança com grandes projetos que afetam os seus espaços”. O Papa Francisco recordou que, para eles, “a terra não é um bem económico, mas dom gratuito de Deus e dos antepassados que nela descansam, um espaço sagrado com o qual precisam de interagir para manter a sua identidade e os seus valores”.
“Nunca se viu, desde 1988, um tamanho alinhamento entre os três poderes contra os direitos dos povos indígenas”
A Comissão da CNBB destacou junto à APIB que o Papa Leão assumiu a Ecologia Integral como perspectiva de continuidade na missão da Igreja; comprometeu-se a levar ao Papa o apelo dos povos indígenas do Brasil, que clamam pela demarcação de suas terras, a proteção de seus territórios e lideranças, o respeito por suas cosmovisões e cultura.
A APIB apresentou sua ampla rede de articulações e projetos, especialmente rumo à COP30, com destaque para a proposta das “NDCs Indígenas”: trata-se, em outras palavras, de um “Plano Clima” que os povos indígenas apresentam ao Brasil a partir de suas perspectivas e prioridades, na convicção, como confirma Laudato Si’, que estes povos, “quando permanecem em seus territórios, são quem melhor os cuida” (LS 146).
O coordenador executivo da APIB, Kleber Karipuna, fez um alerta contundente sobre o atual cenário político, afirmando que “nunca se viu, desde 1988, um tamanho alinhamento entre os três poderes contra os direitos dos povos indígenas”. Ele ponderou que, embora existam posições firmes do poder executivo e judiciário em defesa da demarcação das terras, há muita divisão interna, e no poder Legislativo, essas defesas são absolutamente minoritárias.
A CEEM assumiu o compromisso de acompanhar a causa indígena, especialmente na incidência sobre as propostas do governo brasileiro para a COP30 e na garantia do direito dos povos aos seus territórios. A Comissão levará ao Papa o apelo pela demarcação de terras, pela proteção dos territórios e de suas lideranças, e pelo respeito às suas culturas e cosmovisões.
Edição: Cláudia Pereira | Cepast-CNBB
