Com mais de 1,5 milhão de votos em plebiscito popular, pauta entregue à Secretaria-Geral da Presidência também inclui o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho
Por Padre Dário Bossi – Assessor da Cepast-CNBB
Taxar os super-ricos, isentar do Imposto de Renda os trabalhadores com carteira assinada e salário de até R$ 5 mil por mês, reduzir a jornada de trabalho sem cortes salariais e abandonar a escala 6×1 são os temas do Plebiscito Popular organizado por movimentos populares, sindicatos, entidades juvenis, estudantes, pastorais sociais e organismos da Igreja.
Após a celebração do Grito dos Excluídos e Excluídas, a Comissão Episcopal para Ação Sociotransformadora da (Cepast-CNBB) formou uma delegação de organizações que apresentou ao ministro Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência, os resultados parciais do Plebiscito, que já supera um milhão e meio de votos.
A delegação destacou que o processo permitiu unificar pautas de diferentes movimentos e entidades em torno de temas urgentes para o país, como justiça fiscal e dignidade no trabalho. O ministro comentou que, efetivamente, trata-se de “temas civilizatórios”.
Representando a CNBB, o assessor padre Dário Bossi recordou que o Grito dos Excluídos e Excluídas, iniciativa que a Igreja e os movimentos populares organizam há 31 anos, contribuiu significativamente para a organização do Plebiscito e para o debate de seus temas. Ele destacou o apoio de muitos bispos e lideranças eclesiais, com um significativo diálogo ecumênico e inter-religioso.
A União Nacional dos Estudantes ressaltou que a sobrecarga de trabalho é um grande desafio para a juventude, já que mais de 60% dos jovens, atualmente, estudam e trabalham ao mesmo tempo.
O Instituto de Estudos Socioeconômicos alertou o governo sobre o risco de a proposta de isenção do Imposto de Renda ser enfraquecida e esvaziada no debate parlamentar, especialmente ao poupar os super-ricos, que deveriam ser a primeira categoria a ser taxada com mais justiça fiscal.
Todos os representantes da sociedade civil organizada que participaram do encontro concordaram sobre a importância de pressionar o Congresso para que a isenção do Imposto de Renda para os mais pobres seja votada rapidamente e sem favorecer, mais uma vez, as categorias que deverão sustentar financeiramente essa isenção.
Os resultados finais do Plebiscito serão entregues aos presidentes da Câmara e do Senado e ao Presidente da República, em um ato público a ser convocado em Brasília, durante o mês de outubro.