Encontro em São Paulo reúne 80 lideranças para avaliar trajetória e planejar ações sob o lema “Memória, Profecia e Esperança”
Por Cláudia Pereira | Cepast-CNBB
Com informações de Darcy Lima e padre Alfredo Gonçalves
O Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) iniciou nesta sexta-feira (31), em São Paulo (SP), sua 22ª Assembleia Nacional. O encontro, que ocorre até 2 de novembro na sede do Seminário João XXIII, celebra o 40º aniversário de fundação da pastoral, criada em outubro de 1985, em Brasília (DF).
Com o lema “40 anos no caminho com os migrantes: Memória, Profecia e Esperança”, o evento reúne aproximadamente 80 pessoas de todas as regiões do país. Participam dom João Aparecido Bergamasco, presidente da Pastoral dos Migrantes e presidente do (SPM) e bispo de Primavera do Leste-Paranatinga (MT) e representantes de organizações parceiras como a Cáritas Brasileira, a Rede Jubileu Sul Brasil e a Articulação do Grito dos Excluídos e Excluídas. Mais do que um momento celebrativo, a assembleia tem como objetivo avaliar a trajetória e o planejamento das futuras diretrizes da pastoral. A ideia do momento de partilha é ajustar os caminhos de atuação do SPM estudar os desafios atuais do fenômeno migratório, analisando a conjuntura mundial, os avanços e retrocessos das políticas públicas de migração no Brasil.

Memória e desafios marcam primeiro dia
A programação de abertura, nesta sexta-feira (31), foi dedicada à memória e ao acolhimento. O dia começou com uma mística de caminhada silenciosa, simbolizando a trajetória dos migrantes. Em seguida, representantes das cinco regiões do Brasil apresentaram seus “clamores” diante dos desafios atuais, destacando pautas como acolhimento, justiça social, moradia digna e integração.
Na mesa de abertura, Dom João Bergamasco recordou os quatro verbos do Papa Francisco para a questão migratória: “Acolher, Proteger, Promover e Integrar”. Ele agradeceu aos migrantes pelos ensinamentos de fraternidade e esperança de que marcam a história da pastoral.
O momento de abertura também contou com uma mensagem especial em vídeo do Cardeal Michael Czerny SJ, Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, do Vaticano. O cardeal expressou gratidão pelas quatro décadas de escuta, acompanhamento e testemunho do SPM, classificando a pastoral como uma voz profética na defesa da dignidade humana e um sinal vivo da ação integral da Igreja no Brasil.
“Queridos irmãos e irmãs, celebremos estes quarenta anos com gratidão, mas também com uma responsabilidade renovada. O Espírito Santo continua suscitando novas formas de solidariedade e de comunhão. Que esta comemoração seja um novo envio missionário, um convite a continuar caminhando juntos, ao lado das pessoas migrantes e refugiadas, para que ninguém se sinta sozinho, invisível ou descartado”, expressou o Cardeal Michael Czerny.
Roberto Saraiva, da coordenação do SPM, reforçou o compromisso da entidade com migrantes, refugiados, apátridas e deslocados internos. “Ainda há muito a fazer, e o SPM tem lado e caminha firme ao lado dessas populações”, afirmou.
A retrospectiva histórica ficou a cargo do Padre Alfredo Gonçalves, que relembrou marcos como a inspiração nos Scalabrinianos, a Campanha da Fraternidade de 1980 sobre migrações (que impulsionou a criação do SPM) e a expansão do serviço pelo território nacional.
À tarde, foi lançada a Exposição “40 Anos no caminho com os Migrantes”, composta por fotos e documentos históricos. O primeiro dia foi encerrado com uma oficina facilitada por Ana Valim, para a construção coletiva da linha do tempo do SPM. A 22ª Assembleia Nacional segue até domingo (02/11) com momentos de estudo, avaliação e planejamento em defesa da vida e dignidade das populações migrantes.
