Para os bispos, as palavras de Cabral ferem a verdade, humilham o povo e revelam profundo desprezo pela região. Foto: Cláudia Pereira
Comissão classifica como desrespeitosa declarações de Ana Cabral sobre “geração perdida” e crianças usadas como “mulas de água”

 

Por Cláudia Pereira | Cepast-CNBB

 

A Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira (18), uma nota repúdio às declarações de Ana Cabral, CEO da mineradora Sigma Lithium. O posicionamento da Igreja Católica ocorre em resposta a uma entrevista concedida pela executiva durante a COP30 ao programa Fast Money, do canal Times Brasil.
O documento, assinado também pela Comissão Episcopal Regional em Minas Gerais, a executiva utilizou termos considerados ofensivos para se referir à população do Vale do Jequitinhonha. A nota cita especificamente o uso das expressões “geração perdida” e a afirmação de que crianças seriam tratadas como “mulas de água” na região.
Desprezo pela região
Para os bispos, as palavras de Cabral ferem a verdade, humilham o povo e revelam profundo desprezo pela região. O texto da Comissão argumenta que tais declarações difamam injustamente um povo trabalhador e expõem uma lógica de exploração nos territórios atingidos pela mineração: “lucra-se com o território enquanto se despreza seus filhos e filhas”, enfatiza o documento.
A nota exige uma retratação imediata por parte da empresa e cobra um compromisso real com as comunidades afetadas, mencionando ainda o impacto social gerado pela paralisação das atividades da companhia.

 

Solidariedade à Diocese de Araçuaí
O documento manifesta solidariedade direta à Diocese de Araçuaí, ao seu bispo e a todo o povo do Vale do Jequitinhonha. “Não permitiremos que a dignidade de vocês seja pisoteada, nem que discursos de poder diminuam a grandeza dos que há séculos lutam”, afirma o texto.
A nota é assinada por Dom Vicente de Paula Ferreira, Presidente da Comissão para Ecologia Integral e Mineração da CNBB, e por Dom Francisco Cota, Presidente da Comissão Episcopal Regional em Minas Gerais.

Leia a nota na íntegra