Estamos vivendo um momento singular, marcado pela morte do Papa Francisco. A ausência de sua liderança e de sua voz profética deixou um vazio que hoje alimenta as expectativas da humanidade. Nos próximos dias, os olhos do mundo estarão voltados para uma simples chaminé, colocada sobre uma das obras de arte mais célebres do planeta. Sob os afrescos de Michelangelo, encontram-se 133 homens vindos de todos os cantos do mundo. A eles foi confiada a missão de escolher o novo Bispo da Diocese de Roma — aquele que será chamado a confirmar seus irmãos na fé.
Durante as semanas que se seguiram à morte de Francisco até o início do Conclave, as congregações gerais reunidas na Aula Nova do Sínodo foram momentos de discernimento. Nelas, certamente, houve também uma análise atenta da realidade atual, com o intuito de traçar quais características o novo bispo de Roma deve possuir. Vivemos em um contexto de transformações profundas e rápidas, que exigem abertura, flexibilidade e a capacidade de ler os sinais dos tempos.
Há uma certeza que não pode ser ignorada: o perfil do Bispo de Roma já não pode seguir os moldes de um passado recente. Ele é chamado a tornar o Evangelho uma boa nova realmente alegre, capaz de abrir-se, em meio ao hiperindividualismo de hoje, a novas linguagens e expressões que comuniquem a pessoa de Jesus de Nazaré. Tudo isso em um tempo marcado por turbulências, inquietações e pela busca de respostas para a vida — respostas que devem ser oferecidas com a leveza e o frescor daquele primeiro dia da semana, quando, ainda na escuridão da madrugada, mulheres ousaram desafiar o medo e a morte. Movidas pelo amor, foram ao encontro de quem acreditavam estar morto, e encontraram a pedra da tristeza removida, o túmulo vazio — e, ao mesmo tempo, iluminado pela presença do Ressuscitado. Não o encontraram com os olhos do corpo, mas com os olhos e os sentidos do coração, e souberam, com certeza, que Ele estava vivo.
Mais do que nunca, o nosso tempo precisa não apenas de uma instituição, mas de uma nova voz: uma voz que anime e testemunhe a esperança que caracterizou as primeiras comunidades cristãs. Aquela esperança que, mesmo sob provações e perseguições, levou aos quatro cantos do mundo a boa notícia.
Que, nos próximos dias, possamos ouvir novamente o grito de alegria que ecoou na manhã da Páscoa.
Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 07 de maio de 2025.