Momento de missão e intercâmbio na tríplice fronteira no norte do Brasil. Foto: Cláudia Pereira

As apostas do ‘TOTO PAPA’ foram mais uma vez frustradas pelo antigo ditado que diz que “quem entra Papa no Conclave sai cardeal”. De fato, a lógica das projeções típica da política não funciona e não tem efeito nos âmbitos eclesiais, especialmente nas congregações gerais que precedem o Conclave, onde participa todo o colégio cardinalício, incluindo aqueles com mais de oitenta anos. O objetivo dessas reuniões é uma leitura da realidade e seus desafios, para poder delinear a figura do Bispo de Roma que possa dialogar tanto dentro quanto fora da Igreja.

 

A fumaça branca que saiu da Capela Sistina, anunciando o nome de Robert Francis Prevost, que assumiu o nome de Leão XIV, expressa uma continuidade eclesial iniciada já há décadas, com o Concílio Vaticano II, passando pelo século XIX, XX e chegando à atualidade. Nesse contexto, a realidade exige uma leitura dos sinais do tempo e uma atitude de corresponsabilidade, que se manifesta concretamente na sinodalidade — um caminhar junto, acolhendo os gritos, as alegrias e as esperanças de uma humanidade que, por um lado, corre com a inteligência artificial na velocidade da luz, e, por outro, mesmo na era do tecnicismo, não consegue oferecer respostas satisfatórias aos anseios e necessidades mais profundas das pessoas.

 

Leão XIV, bispo de Roma, em seus primeiros pronunciamentos, deixou claro qual é o caminho a seguir como humanidade e quais são os pontos fortes da Igreja e de seu ministério “petrino”. Ele afirmou que da sinodalidade não se volta atrás e que, mesmo com diferenças, é preciso criar unidade e acolhida, numa sinfonia de expressões e sons que compõem e tocam a melodia da fraternidade e do amor.
Por isso, minha expectativa é de que continuemos numa Igreja aberta, em saída, capaz de não temer os migrantes, os diferentes, aqueles que povoam as periferias existenciais do nosso tempo.

 

Essa é a atitude de uma Igreja missionária, que sai de sua autorreferencialidade para oferecer à humanidade a sua joia mais preciosa: a alegre notícia que se encarna, se mistura com a história e se torna o “kairos” de novos tempos, inaugurando e trazendo a luminosa manhã de um novo dia, o primeiro de uma nova criação. Essa nova criação se concretiza na ecologia integral e na renovação dos alicerces da Casa Comum — a humanidade que vive e transforma o ódio, o desespero e a indiferença em uma civilização do amor.

 

Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 19 de maio de 2025.

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