Por Gianfranco Graziola
O que sempre me impacta, tanto intelectual quanto emocionalmente, é o fato de que a onda conservadora ocorre, surpreendentemente, de forma predominante entre as camadas mais jovens, e não, como seria esperado ou lógico, entre as pessoas mais idosas.
Uma das justificativas atualmente apresentadas para esse fenômeno está relacionada à sociedade “líquido-gasosa” em que vivemos, marcada por um certo medo em assumir riscos e responsabilidades frente às eventuais novidades que possam surgir.
É um fato amplamente reconhecido que vivemos na era do pensamento fraco, o que contribui para a afirmação de ideologias conservadoras incapazes de dialogar com outras perspectivas e de adotar uma postura dialética que dê espaço às diferenças e valorize as diversidades socioculturais e religiosas. Essas diversidades constituem tanto o tecido das sociedades mais antigas, com as culturas milenares dos povos nativos, quanto das atuais, caracterizadas por sua plurietnicidade e pluriculturalidade.
Um dos fatores determinantes dessa guinada fundamentalista é, sem dúvida, o imaginário simbólico sagrado alimentado pelo próprio pentecostalismo e neopentecostalismo. A guerra sociocultural promovida por essas correntes, fundamentada na teologia da prosperidade e do domínio, entra em aberto contraste com a proposta de uma Igreja em saída, sinodal, presente na Evangelii Gaudium e na Laudato Si de Francisco.
O que preocupa ainda mais é o conceito belicista e excludente que tem penetrado cada vez mais profundamente as comunidades cristãs, com o aumento da intolerância e do hiper individualismo sociorreligioso. Essas manifestações são nutridas por influenciadores religiosos extremamente habilidosos no uso das tecnologias modernas, mas que deixam muito a desejar em termos de conteúdos humano-teológicos. Esses conteúdos frequentemente tornam-se “verdades inquestionáveis”, mesmo quando estão à beira da heresia, propagando a imagem de um Deus distante da realidade humana — um Deus fascinante, mas expressão de um espiritualismo baseado no moralismo, na cobrança e no legalismo, cujo resultado final é a busca de benefícios e retornos individuais.
Esse conjunto de fatores naturalmente cria um tecido social onde não há espaço para os diferentes e, em particular, para as pessoas mais vulneráveis, ou seja, aquelas que habitam as periferias existenciais. Nesse contexto, faltam espaço para o perdão, a reconciliação, a responsabilização e a restauração das relações, bem como para a criação de novas leituras da realidade, algo que a Laudato Si identifica como parte da interligação que existe no todo.
Por essa razão, o Papa Francisco, neste Ano Jubilar — cujo sentido é amplo e abarca, em sua essência, todas as realidades da vida —, nos provoca com um convite à esperança. Ele nos chama à mudança de vida pessoal e ao compromisso com outro tipo de justiça, onde perdão, misericórdia, não-violência e vida nova sejam abraçados, abrindo verdadeiramente a porta para uma nova humanidade, concretizada e encarnada. Para os cristãos, essa nova humanidade encontra-se em Jesus de Nazaré, cujas sementes estão presentes em nosso universo.
Oxalá nossas lentes possam captar essa realidade.