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Atualmente, uma nova tendência busca sublimar e mercantilizar a dor humana vivida por quem perdeu um filho ou enfrenta o drama de não conseguir gerar uma nova vida. Trata-se do fenômeno dos bebês reborn, também chamados de “bonecos redivivos”, que vêm conquistando um sucesso inesperado.
Minha crítica não parte de uma atitude moralista, como fizeram alguns, nem de uma posição de condenação — afinal, toda dor merece respeito e profunda empatia. O que me preocupa é o uso indevido de um sentimento tão pessoal e humano para fins econômicos, criando um mercado que alimenta ilusões cujas consequências, tanto pessoais quanto sociais e coletivas, são e serão difíceis de controlar.
Alguns argumentam que esses “bonecos redivivos” seriam apenas peças de coleção, uma forma de reviver brinquedos antigos. No entanto, a realidade mostra algo bem diferente: o que parecia inofensivo e até positivo está se tornando uma faca de dois gumes — um ilusionismo sedutor que favorece a fuga da realidade, criando um mundo paralelo e ilusório. Esse universo alimenta sonhos e expectativas vazias e inconsistentes.
Diante disso, o grande desafio é superar o impacto ilusório das redes sociais, da massificação e da globalização. Precisamos fomentar novas formas de encontro e convivência, onde haja abertura, escuta e acolhimento das necessidades e dos gritos sufocados — por meio de círculos de apoio e ajuda mútua. Só assim será possível restaurar e fortalecer os laços de confiança consigo mesmo e com os outros, assumindo a realidade para transformá-la em novo vigor e vida, redescobrindo a humanidade e a história de cada um.
É essencial, nesse processo, retornar à realidade, curar feridas e transformar as ilusões de látex e silicone em experiências que nos ajudem a viver a concretude, mesmo quando dolorosa. Dessa forma, o que antes era fuga pode se tornar uma história de vida nova — rica, responsável e verdadeira — onde passado e presente se unem para construir um futuro de esperança.
Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 29 de maio de 2025.

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