Estamos vivendo um momento da história bastante complicado e conflitivo, onde as dificuldades para dialogar, firmar acordos e respeitar tratados coletivos parecem cada vez mais um sonho de outros tempos.
A expressão disso está nos conflitos em curso, onde o elemento humano e suas respectivas perdas são subestimados em relação à economia e seu sistema, acompanhados por megalomanias pessoais aprovadas e aclamadas por multidões aliciadas e cooptadas pelas tecnologias da mídia e seus controladores.
Apesar de as mudanças climáticas estarem na ordem do dia e suas consequências ocuparem diariamente os noticiários, acompanhadas dos alertas dos cientistas — sem esquecer a pandemia de Covid-19, um dado irrefutável ligado ao processo ecológico e à crise socioambiental —, tem-se a impressão de que tudo isso nada tem a ver com a existência humana, seu cotidiano, seu presente e seu futuro.
Mesmo diante da ameaça do desaparecimento da espécie humana e de uma consequente hecatombe, e do constante e preocupante grito de alerta dos povos nativos e seus aliados em favor da Mãe Terra, a Pacha Mama, hoje fortemente violada e sugada pelo consumismo desenfreado e pelo superpoder dos hominídeos que, com o tecnicismo, continuam na ilusão de construir um universo onde a inteligência artificial e seus produtos serão os dominadores absolutos e incontestáveis.
Em meio a toda essa confusão, felizmente, temos alguns sábios que, com suas palavras e testemunho de vida, são vozes proféticas que, mesmo no deserto humano e estrutural da atualidade, continuam a se fazer ouvir, com constantes apelos por uma mudança no estilo de vida, cujos grandes valores se encontram nas milenares expressões culturais, humanas e religiosas.
As vozes proféticas incluem o Papa Francisco, o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb e tantas outras lideranças que, por meio de sua resistência diária contra os grandes empreendimentos e os necroprojetos, tornam-se, em nosso tempo e para o futuro, testemunhas da esperança e construtores da Casa Comum, onde a ecologia integral seja o verdadeiro alicerce de uma economia a serviço da fraternidade e da amizade social.
Este artigo foi editorial da Rede de Notícias da Amazônia em 31 de janeiro de 2025.