Foto: Junior Lima @xuniorl.jpg
Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma das entidades que organizam e coordenam o Plebiscito Popular 2025. Esta iniciativa de participação direta dos cidadãos e de pressão sobre os órgãos da república que está em curso congrega movimentos sociais, centrais sindicais, juventudes, artistas e partidos políticas de perfil progressista. Seu objetivo é ouvir os cidadãos e cidadãs sobre três questões nacionais muito relevantes: justiça social, trabalho e impostos. 
Há quem não concorde e se incomode com essa iniciativa, por desconhecer sua natureza e finalidade ou, talvez, por razões ideológicas. Uma das críticas recorrentes é que a Igreja Católica, ao se envolver em atividades sociais ao lado de organizações sociais, entidades de classe e partidos políticos, ignora as divergências em questões morais; outras, dizem respeito à missão da Igreja Católica, da qual não faria parte levar à arena social uma discussão dessa ordem; fazendo isso, estaria sucumbindo a manipulações ideológicas. 
Não me apraz polemizar nem constranger ninguém. Se entro em cena é para esclarecer os fiéis católicos, justificar o apoio das autoridades eclesiais a essa causa e defender a campanha em si mesma. E começo reportando as questões que pedem a manifestação dos cidadãos: “Você é a favor da redução da jornada de trabalho sem redução salarial e do fim da escala 6×1? Você é a favor que quem ganhe mais de 50 mil reais pague mais imposto, para que quem recebe até 5 mil reais não pague imposto de renda?” 
É sobre essas duas questões que devemos centrar a reflexão e as discussões, e votar, de acordo com a consciência. Como cristãos, temos razões plausíveis para opor-nos à redução da jornada de trabalho? Em sã consciência, podemos afirmar que, em geral, os trabalhadores recebem mais do que merecem e trabalham menos do que devem? E podemos justificar que os cidadãos que recebam salários de 2,5 a 5,0 mil reais mensais paguem imposto de renda, enquanto os mais aquinhoados pagam uma taxa irrisória? 
Além disso, a campanha tem fundamento nos conceitos de “participação”, “bem comum” e “justiça social”, tão caros à doutrina social cristã. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), que não pode ser taxado de socialista, diz que “o bem de cada um está necessariamente relacionado com o bem comum”, entendido como o conjunto das condições sociais que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros, atingir a sua plena realização, do modo mais completo e adequado (cf. CIC §§ 1905-1906). 
O CIC diz também que o bem comum exige o progresso da sociedade e de todos os seus membros de modo justo e equilibrado e está orientado ao bem-estar das pessoas. E compete ao Estado defender e promover o bem comum da sociedade, dos cidadãos e dos organismos intermédios. É dever e direito inerente à dignidade da pessoa humana tomar parte ativa na vida pública. Esse dever convoca todos os cidadãos, mormente os cristãos, a assumir seu papel intransferível na promoção do bem comum (cf. CIC §§ 1910-1915). 
Por fim, segundo o ensino da Igreja, fiéis e autoridades não podem tolerar ou alimentar as desigualdades econômicas e sociais, pois ferem milhões de homens e de mulheres e contradizem o Evangelho, ameaçam a paz dos povos, provocam escândalo e são obstáculo à justiça social e à dignidade da pessoa humana. E esta dignidade “exige que se chegue a condições de vida mais humanas e justas” (cf. CIC §§ 1928; 1938). 

Tags:

Autores

Augusto Martins

Cláudia Pereira

Dom Itacir Brassiani

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira

Dom Jose Ionilton

Dom Reginaldo Andrietta

Dom Vicente Ferreira

Dom Wilson Angotti

Élio Gasda sj

Gianfranco Graziola

Gilberto Lima

Graziella Rocha

Henrique Cavalheiro

Igor Thiago

Irmã Eurides Alves de Oliveira

Irmã Mercedes Lopes

Jardel Lopes

Jardel Lopes

Marcelo Barros

Marcelo Lemos

Marcia Oliveira

Maria Clara Lucchetti Bingemer

Maria Clara Bingemer

Mauro Luiz do Nascimento Júnior

Osnilda Lima

Padre Dário Bossi

Padre Francisco Aquino Júnior

Padre Leonardo Lucian Dall'Osto

Pe. Alfredo J. Gonçalves

Pe. Alfredo J. Gonçalves

Petronella M Boonen - Nelly

Petronella M Boonen - Nelly

Roberto Malvezzi (Gogó)

Rosilene Wansetto

Dom José Valdeci

Valdeci Mendes

Vera Dalzotto

Relacionados

No data was found