Oficina realizada pela Campanha Contra a Violência no Campo em Palmares reúne dezenas de participantes para analisar o risco e estruturar mecanismos de segurança popular contra os conflitos por terra e despejos
Por Cláudia Pereira | APC
Em um cenário de escalada da violência no campo, a Campanha Contra a Violência no Campo realizou no dia (2) uma Oficina de Autoproteção Comunitária na cidade de Palmares, (PE). O evento reuniu mais de 30 participantes de mais de dez comunidades da Região Mata Sul que vivem sob constante ameaça em seus territórios devido a conflitos fundiários.
O objetivo da oficina foi analisar o contexto de risco e estruturar mecanismos de segurança popular diante da intensificação dos conflitos por terra. A atividade foi ministrada por Paulo Cesar Moreira, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), por meio do Projeto Defendendo Vidas e Projeto Semente de Proteção e contou com a participação de Gabriel Teixeira (Associação Brasileira de Reforma Agrária – Abra) e Jardel Lopes (Secretário Executivo da Campanha).
A Raiz do Conflito: Crise da Cana-de-Açúcar
A origem da disputa territorial na Mata Sul está diretamente ligada à crise da monocultura da cana-de-açúcar. Com a falência de usinas, ex-funcionários que residiam nas fazendas, desamparados e sem o recebimento de acertos trabalhistas, permaneceram nas terras como forma de garantir a própria subsistência e o cumprimento de seus direitos.
O quadro se agravou quando as usinas iniciaram processos de arrendamento ou leilão de seus engenhos. A partir de então, intensificaram-se as iniciativas de expulsão das famílias, seja por meios violentos ou por ações judiciais de reintegração de posse. Lideranças relatam que, desde 2015, o aumento de situações de risco e ameaças constantes mudou drasticamente suas vidas.
