Por Juce Rocha/Cepast-CNBB
Nos dias 6 e 7 de agosto de 2025, o Fórum Nacional da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (Cepast-CNBB) consolidou-se como um espaço vital para diálogo e reflexão, reunindo, nos dois dias, mais de 50 participantes, incluindo agentes e lideranças das pastorais, religiosas, religiosos, padres, bispos, parceiros, representantes dos organismos e redes que integram a Cepast.
“O Fórum se consolidou como um espaço de esperança e transformação, onde a espiritualidade libertadora se entrelaça com ações concretas em favor da justiça social”, disse Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo diocesano de Brejo (MA) e presidente da Cepast, reafirmando a missão da Igreja de caminhar lado a lado com as pessoas empobrecidas e destacando o trabalho colaborativo e articulado das pastorais.
A programação do Fórum, realizada na plataforma Zoom, foi cuidadosamente elaborada para promover um intercâmbio produtivo de ideias e acúmulos pastorais sociotransformadores. Em um dos momentos mais importantes do Fórum, a assessora Alessandra Miranda apresentou a síntese das escutas que antecederam o encontro, destacando as convergências entre as pastorais.

Vocação sociotransformadora
As escutas revelaram a atuação efetiva e múltipla das pastorais, como presença profética na assistência e no acompanhamento direto de diversas comunidades, grupos, realidades e territórios. As pastorais sociais estão buscando fortalecer suas ações em políticas públicas relacionadas à saúde e assistência social, direito à terra e ao território, moradia, direitos das crianças e adolescentes, inclusão de pessoas com deficiência, neuroatípicas, mulheres marginalizadas e que sofrem todo tipo de violação de seus direitos, pessoas em situação de rua, comunidade LGBTQIA+, migrantes e refugiados, juventudes, população privada de liberdade, entre outras realidades urgentes, do ponto de vista pastoral e também diante das muitas vulnerabilidades sociais. Além disso, a sustentabilidade foi destacada como um fator crucial para garantir a continuidade da ação evangelizadora com esses grupos pastorais.
A síntese da escuta também revelou a urgência em mobilizar escuta plena, processos formativos e de acompanhamento com as novas gerações de agentes pastorais, com especial atenção para as juventudes. “Como reanimar o nosso povo para a dimensão sociotransformadora? A escuta que fizemos revela o risco de que os processos pastorais e evangelizadores sigam sempre nas mãos de poucas pessoas. Esse talvez seja mesmo um tema-chave para o futuro da nossa caminhada. Gostaria de deixar três palavras inspiradoras nesse processo que saíram diversas vezes aqui: escutar, imaginar e apaixonar”, ponderou o assessor da Cepast, padre Dário Bossi.
“Nós achamos que é muito importante que as pastorais sociais assumam pautas que movimentam, que chamam, conectam e atingem as juventudes, como a questão climática, o racismo estrutural e ambiental, e a luta pelo fim da escala 6×1”, enfatizou Mayra Santos, da Juventude Franciscana (JUFRA).

“Na questão da iniciação à vida cristã, perdemos muitas coisas; por isso, nós temos uma crise de lideranças e de assessorias qualificadas neste momento para o acompanhamento das juventudes, o que acaba acarretando a falta de diálogo intergeracional. Em muitas situações, as juventudes são tratadas apenas como temática e não se realiza uma escuta ativa, uma construção coletiva. A gente espera da Cepast, desse conjunto de pastorais sociais, essa escuta, esse espaço; a juventude está viva e resiste”, destaca Wanessa Freire, da Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude.
Análise de conjuntura
A análise de conjuntura apresentada por padre Geraldo Luiz De Mori destacou questões relevantes sobre o cenário externo e interno da Igreja no Brasil, além de aprofundar o cenário geopolítico conturbado que o Brasil enfrenta. “As últimas semanas têm sido marcadas por um certo acirramento da polarização, provocado pelas penalidades aplicadas pelo governo Trump sobre vários produtos brasileiros e sobre autoridades da Suprema Corte”, destacou padre Geraldo, evidenciando como a política internacional tem impactos diretos na dinâmica social e política do Brasil.
