Rio São Francisco - Itacarambi MG - Imagem - acervo APC
Junho Verde de 2025 é um chamado para a mobilização da sociedade para a Ecologia Integral, Jubileu da Esperança e COP30.

 

Por Padre Dário Bossi*

 

O mês do Junho Verde, instituído pela Lei 14.393/2022 a partir de uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ganha neste ano de 2025 uma densidade ainda maior. Celebramos acontecimentos profundamente conectados: o ano do Jubileu da Esperança, o aprofundamento do tema da Ecologia Integral com a Campanha da Fraternidade 2025, a realização da COP30 no Brasil e os dez anos da publicação da encíclica Laudato Si’, documento que marcou profundamente o magistério social da Igreja e inspirou uma nova consciência ecológica em todo o mundo.
Para inspirar novas iniciativas pastorais e favorecer a convergência entre estas iniciativas, a Comissão para Ecologia Integral e Mineração da CNBB junto a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora e a Comissão Episcopal para a Comunicação realizou em março três dias de estudo sobre Jubileu e Ecologia Integral.  Durante o mês de junho, esta Comissão oferecerá, a cada semana, um vídeo com reflexões e inspirações para celebrar o Jubileu à luz do cuidado da Casa Comum e do compromisso em defesa da vida e do Planeta.
Ainda, o Junho Verde 2025 pode ser uma oportunidade privilegiada de estudo, aprofundamento e vivência comunitária da Laudato Si’. Escolas, paróquias, grupos de base e movimentos populares são convidados a retomar a encíclica, refletir sobre sua atualidade e traduzi-la em ações concretas, com destaque para os desafios locais.
Ao mesmo tempo, a realização da COP30 em Belém do Pará, em novembro, coloca o Brasil e a Igreja em posição estratégica. É um tempo de mobilização nacional, que exige a presença ativa das comunidades cristãs nas discussões sobre justiça climática, preservação dos biomas, soberania dos povos tradicionais e caminhos de mitigação e adaptação à crise climática.
A iniciativa “Igreja rumo à COP30”, promovida pela CNBB com diversos parceiros, oferece instrumentos pastorais e formativos que devem ser amplamente utilizados neste mês: destacam-se especialmente as rodas de conversa sobre a COP30, que estarão em breve disponíveis em um hotsite da CNBB. Esses materiais visam estimular o diálogo, o discernimento coletivo e a articulação entre fé, ciência e participação cidadã.
Entre as propostas para viver o Junho Verde em 2025, destacam-se:
  • Estudo comunitário da encíclica Laudato Si’, com foco em seus 10 anos, a partir de subsídios acessíveis e com aplicação concreta nas realidades locais;
  • Audiências públicas nas Câmaras Municipais, promovidas em pa
    rceria com igrejas e organizações da sociedade civil, para debater os principais desafios ambientais do território e articular propostas a partir da perspectiva da Ecologia Integral;
  • Incidência pública junto aos poderes executivo e legislativo, com posicionamento claro da Igreja sobre políticas ambientais, justiça climática e direitos dos povos;
  • Organização de pré-COPs nos territórios locais, valorizando as iniciativas das comunidades e dos povos na defesa de seus biomas e planos de vida, mobilizando e formando as pessoas para traçar conexões entre as ações locais e a incidência política global. No hotsite da CNBB oferecemos ferramentas pedagógicas para a realização destas pré-COPs.
Como nos alerta o Papa Francisco na exortação Laudate Deum, de 2023, “estamos à beira de um colapso climático e ainda assim continuamos tomando decisões tímidas, guiadas por interesses econômicos imediatos”. A realização da COP30 em solo amazônico exige de nós não apenas discursos, mas testemunhos e práticas coerentes com o Evangelho da Criação.
Que o Junho Verde 2025 seja tempo de memória e profecia. Que reacenda a força da Laudato Si’ em nossas comunidades, e nos fortaleça para contribuir de forma qualificada com a COP30, a partir dos territórios, das periferias e das resistências populares. A Casa Comum pede nosso cuidado, nossa esperança e nossa ação.

*Padre Dário Bossi é assessor da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração e da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da CNBB.