O filme traz relatos sobre como o tráfico se disfarça. Foto: Cláudia Pereira
Produção da CEETH-CNBB aborda as conexões entre o crime do tráfico de pessoas, a migração, o garimpo ilegal e a exploração sexual na tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela.

 

A Comissão Especial Episcopal para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH-CNBB) lança na próxima sexta-feira, 06 de junho às 19h, o documentário “Marcas da Fronteira – O Tráfico de Pessoas Existe e é Visível”. O filme lança um olhar nas múltiplas facetas desta violência silenciosa em Roraima, conectando a crises humanitárias e socioambientais, como a migração e o avanço do garimpo ilegal.
Filmado durante uma missão da CEETH em Boa Vista, Bonfim, Pacaraima (RR), e nas cidades fronteiriças de Lethem (Guiana) e Santa Elena (Venezuela), o documentário é dividido em duas partes. Inicialmente, expõe a dimensão do problema através de entrevistas e imagens que abordam a violação de direitos humanos, a exploração sexual e o trabalho análogo à escravidão, vulnerabilidades que afetam brasileiros, migrantes e os povos originários.

 

Participantes da Missão (CEETH-CNBB) durante a visita ao Centro de Referência ao Migrante em Boa Vista, RR. Foto: Cláudia Pereira
Na segunda parte, a produção acompanha de perto o trabalho da comissão em Roraima, destacando a importância da escuta como ferramenta para tirar da invisibilidade as vítimas e suas histórias. O filme aponta a complexidade da região de tríplice fronteira como um fator que facilita a ação de aliciadores e critica a ausência de uma ação do estado integrada para combater o crime de forma eficaz.
“Nosso objetivo não era apenas denunciar, mas dar visibilidade desta violência que existe em Roraima e em todo Brasil. A luta contra o tráfico de pessoas em Roraima, hoje é uma missão em defesa da vida, liderada pela Igreja Católica e por organismos parceiros”, afirma Cláudia Pereira, que assina a direcão e roteiro do filme.
Um dos pontos revelados pelo documentário é a fronteira de Bonfim (RR) com a Guiana, uma rota extremamente vulnerável e sem segurança no fluxo migratório. A região, de predominância do povo indígena Wapichana, são vulneráveis aos assédios de criminosos do tráfico de pessoas para o garimpo ilegal, exploração de mulheres e crianças além dos crimes ambientais.
O filme traz relatos sobre como o tráfico se disfarça. “No geral, as mulheres vão com a promessa de ser cozinheira, mas sabemos que ‘cozinheira’ é um código do garimpo que significa que a pessoa está sendo explorada sexualmente. É uma forma de aliviar essa situação para a família encarar, sem problematizar e denunciar”, explica no documentário a professora e pesquisadora Márcia Maria de Oliveira.
Com um sentimento de esperança e indignação, “Marcas da Fronteira” se firma como um documento essencial para compreender a dinâmica atual do tráfico de pessoas na Amazônia e a relevância da atuação da sociedade civil organizada onde o Estado falha.
O documentário será lançado no dia 06 de junho, às 19h (horário de Brasília) no canal do YouTube da Cepast-CNBB.

 

Ficha Técnica:
Realização: Comissão Especial Episcopal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CEETH-CNBB)
Produção, Reportagem e Imagens: Cláudia Pereira
Direção e Roteiro: Cláudia Pereira e Humberto Capucci
Edição e Finalização: Humberto Capucci
Trilha Sonora: André Luiz Sousa e Ewerton Oliveira
Música: Venezuela – Luis Silva
Apoio: Conferência Episcopal Italiana

 

Sobre a CEETH-CNBB
A Comissão Especial Episcopal para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedicado a articular, promover e fortalecer ações da Igreja Católica e da sociedade no combate ao tráfico de pessoas em suas diversas formas, atuando na prevenção, assistência às vítimas e incidência política.