Arquivo Cimi - Renato Santana
Organizações que integram a Campanha Contra a Violência no Campo divulga nota de Solidariedade e repudiam o ataque da polícia militar contra os Indígenas Guarani Kaiowá no Mato Grosso Sul

 

Por Comunicação da CCVC

 

A violência sistemática contra os Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul tem causado sofrimento para as comunidades indígenas e se tornou insustentável. No dia 12 de setembro, indígenas que retomaram a fazenda Barra, sobreposta à Terra Indígena Nhanderu Marangatu, foram atacados pela polícia militar. Três pessoas foram baleadas, uma delas hospitalizada. Dias depois, o jovem Neri Guarani Kaiowá, de 22 anos, foi morto com um tiro na cabeça.
A Terra Indígena, com um longo histórico de violência e assassinatos, teve sua demarcação suspensa em 2005, e a fazenda sobre o território está ligada a ligada a grupos políticos influentes do estado. A conivência do Estado e a omissão da Força Nacional em proteger os indígenas tornam a situação ainda mais grave.
A segurança e a vida das comunidades indígenas devem ser prioridade, e a impunidade dos responsáveis por esses ataques é inaceitável. É urgente que governo e judiciário ajam para garantir os direitos desses povos.
Por esses motivos, a Campanha contra a Violência no Campo e demais organizações que subscrevem a presente nota repudiam a violência, alertam o Estado, sobretudo o poder Judiciário, pela conivência com os conflitos e a negligência na proteção dos povos. Conclamamos a sociedade civil a se unir na defesa dos territórios e direitos dos povos do campo, das águas e das florestas.

 

Ataque contra os povos
O jovem Neri Guarani Kaiowá foi assassinado a tiros nesta quarta-feira (18) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra. Conforme apuração junto ao povo, uma mulher também teria sido atingida na perna por disparos de arma de fogo e os barracos da retomada foram destruídos. A Força Nacional não estava em área.
A violência contra os Guarani e Kaiowá começou na madrugada e seguiu pela manhã. A Polícia Militar arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata. A ação dos policiais gerou revolta entre os indígenas, que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado. Novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo dos Guarani e Kaiowá. Na noite desta terça (17), vídeos feitos em Antônio João anunciavam a iminência da agressão.
Conforme os indígenas, atiradores “mercenários” estavam junto à PM durante o ataque realizado contra a comunidade. “Foi a PM. Já estão nos atacando desde antes da vinda da Missão de Direitos Humanos”, denuncia uma indígena ouvida. Na quinta-feira (12), três indígenas já haviam sido baleados pela PM na TI Nhanderu Marangatu: Juliana Gomes segue hospitalizada em Ponta Porã depois de levar um tiro de arma letal no joelho; a irmã e um jovem levaram tiros de bala de borracha.
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