5 anos de um crime em curso: pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale S.A, participam da V Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho
Com o marco dos cinco anos do rompimento da barragem da Vale S.A, na mina Córrego do Feijão, se aproxima, também, a V Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho. Organizada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), da Arquidiocese de Belo Horizonte, a Romaria conta com a participação de familiares das
vítimas do desastre-crime da mineradora, pessoas das comunidades atingidas, das Assessorias Técnicas Independentes, dos movimentos pastorais, sociais e entidades da sociedade civil.
Como todos os anos, a Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho tem como objetivo fortalecer as manifestações em memória às 272 vítimas do desastre-crime da Vale. Ao mesmo tempo, busca denunciar a imensurável destruição ambiental que, ainda hoje, segue gerando graves consequências que assolam o território de Brumadinho e demais comunidades ao longo da Bacia do Paraopeba e da Represa de Três Marias.
Diante dos cinco anos de impunidade que marcam a tragédia, visto que os responsáveis não foram responsabilizados criminalmente, além do início do julgamento do pedido de habeas-corpus do presidente da Vale à época do rompimento, Fábio Schvartsman, a Romaria deste ano apresenta como tema a urgência de justiça, inspirada no lema bíblico “Das alturas, orvalhem os céus. E da terra, que chova a justiça (Is, 45,8)”.

Cinco anos de injustiça
As famílias das vítimas fatais seguem lutando para que os responsáveis pelo desastre-crime sejam responsabilizados. Elas também cobram o encontro das três vítimas ainda não
encontradas: Tiago Tadeu Silva, Maria de Lurdes Bueno e Nathália Araújo. Há cinco anos, comunidades atingidas ao longo da Bacia do Paraopeba e da Represa de Três Marias também lutam pela preservação das memórias, do reconhecimento dos direitos enquanto atingidos, da recuperação do meio ambiente assolado pela lama de rejeitos tóxicos e pela não repetição de crimes desta natureza.
Pelo menos desde o rompimento da barragem em Mariana, em 2015, a Vale sabia que o refeitório e as instalações administrativas da mina de Córrego do Feijão estavam localizados dentro da rota dos rejeitos de minério em caso de rompimento. Mesmo assim, a empresa não tomou providências para garantir a segurança dos trabalhadores.
As investigações da polícia civil mineira e da Polícia Federal concluíram que o rompimento da barragem foi causado por uma série de falhas da Vale, incluindo a negligência na
manutenção da estrutura e a omissão de informações sobre os riscos envolvidos. Apesar das provas, até hoje, ninguém foi responsabilizado pelo desastre. O processo na justiça federal, que busca responsabilizar a Vale, a Tüv Süd (empresa que emitiu o certificado de estabilidade da barragem) e 16 réus, que eram diretores e gestores nas empresas, ainda está em andamento. As famílias exigem a responsabilização das empresas Vale e Tüv Süd em todas as esferas, seja no Brasil ou no exterior, e que a punição sirva, também, para impulsionar mudanças no setor da mineração, nas legislações e na fiscalização.
