No brilho do sol, ao amanhecer,
Um dia se ergue, cheio de poder.
Oito de março, para as Mulheres-sementes
Sementes de luta, raízes profundas,
Na história, são vozes que nunca se calam.
Com coragem e graça, em cada marcha,
Escrevem com força sua própria história.
Mais uma vez, as mulheres de todo o mundo, juntamente os homens que em parceria assumem as lutas pela igualdade e equidade de gênero, se unem e se mobilizam para celebrar o Dia Internacional das Mulheres.
O Dia Internacional das Mulheres, 08 de março é um dia para fazer memória da árdua luta das mulheres que nos antecederam, pagando com a própria vida, como: Margarida Alves (1933-1983); Berta Cáceres (1971-2016); Marielle Franco (1979-2018) e tantas outras. 08 de março é uma data que simboliza a luta histórica das mulheres por direitos iguais, respeito, valorização e inclusão, nas diversas esferas da sociedade. Um dia de reconhecimento público das conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo da história, bem como, de dar visibilidade aos desafios e pautas que persistem até os nossos dias.
Esta celebração remonta ao início do século XX, quando movimentos feministas começaram a ganhar força em várias partes do mundo, buscando melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade de gênero. Apesar dos avanços, nós mulheres ainda enfrentamos abissais desigualdades, violências, discriminações e limitações de oportunidades.
Nossa luta é todo dia, porém este dia é uma oportunidade para de forma massiva fazer ecoar nossas vozes na luta por nossas vidas, nossos corpos, dignidade e direitos. Uma ocasião para afirmar a solidariedade entre as diferentes lutas das mulheres em todo o mundo.
A cada ano, a ONU Mulheres define um tema específico para o Dia Internacional da Mulher, com destaque a questões relevantes para o avanço de suas lutas e conquistas. Neste dia 08 de março de 2025, o tema é: “Para TODAS as mulheres e meninas: Direitos. Igualdade. Empoderamento.” Uma chamada à mobilização de toda a sociedade para realizar ações que ampliem a igualdade de direitos, poder e oportunidades para todas, garantindo um presente-futuro onde nenhuma Mulher seja deixada para trás, em destaque para empoderamento e cuidado com as “meninas”, pois empoderar as novas gerações, especialmente as jovens mulheres e meninas, é fundamental para a superação da sociedade capitalista e patriarcal que temos.
Neste ano de 2025, a ONU Mulheres afirma ser um momento crucial na busca global pela igualdade de gênero e pelo empoderamento das mulheres, pois marca o 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim. O documento mais progressista para a promoção dos direitos das mulheres e meninas em todo o mundo. A Plataforma orienta políticas, programas e investimentos que impactam as diversas demandas e áreas como educação, saúde, paz, mídia, participação política, empoderamento econômico e eliminação da violência contra mulheres e meninas. Questões urgentes a serem abordadas, juntamente com as crises socioambientais e o poder das tecnologias digitais que incidem, agravam e complexificam a vida e as lutas das mulheres na contemporaneidade.
O 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim chega em meio a uma atmosfera desesperadora, marcada pela insegurança e um compêndio de crises acumuladas, com sérias ameaças à democracia, à soberania das nações, pelo o avanço dos autoritarismos e tudo que deles decorrem, sobretudo as violências e guerras, nas quais as mulheres são as principais vítimas. Só em 2024, 612 milhões de mulheres e meninas morreram em meio à brutal realidade dos conflitos armados.
Sob a flâmula da campanha global da ONU Mulheres para marcar o 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, “Para TODAS as Mulheres e Meninas”, o Dia Internacional da Mulher de 2025 convoca as mulheres de todo o mundo à mobilização em três principais áreas: Promover os direitos de mulheres e meninas: Lutar incansavelmente pelos direitos humanos de mulheres e meninas, desafiando todas as formas de violência, discriminação e exploração; Promover a igualdade de gênero: abordar barreiras sistêmicas, desmantelar o patriarcado, transformar desigualdades estruturais e elevar as vozes de mulheres e meninas marginalizadas, inclusive das mais jovens, para garantir inclusão e empoderamento; Fomentar o empoderamento: redefinir estruturas de poder garantindo acesso inclusivo à educação, ao emprego, à liderança e aos espaços de decisão. Priorizar oportunidades para que jovens mulheres e meninas liderem e inovem.
Mães, filhas, Irmãs, guerreiras do dia a dia,
Nos pequenos gestos, revelam alquimia.
Silenciosas ou fortes, na vida a brilhar,
Cada uma delas é um mundo a pulsar.
Por aquelas que lutaram, por igualdade e respeito,
Pelas que se levantam, fazendo seu jeito.
Nos ecos da história, suas vozes ressoam,
Por liberdade, direitos e sonhos,
No Brasil, o tema deste Dia Internacional da Mulher foi parafraseado de diversas maneiras com uma chamada de unificada “Pela Vida de Todas as Mulheres”. Organizações e movimentos e coletivos diversos de mulheres, se mobilizam em seus territórios, para fazer ecoar nas ruas e praças, do campo e da cidade, seus gritos, suas reivindicações e bandeiras de luta.
Além de terem aproveitado o carnaval para de forma lúdico-cultural com ritmo e arte, chamar atenção e denunciar a dramática realidade em que vivem as mulheres e visibilizarem suas pautas de lutas em vários blocos e localidades neste nosso gigante País. Como todos os anos o dia 08 de março, será um dia da “mulherada” sair novamente às ruas para dizer “Pela vida de todas as mulheres, ‘ainda estamos aqui’! lutamos por igualdade de direitos, uma vida sem violências e sem tráfico de pessoas, trabalho descente e igualdade salarial, o fim da jornada 6×1, justiça reprodutiva, justiça climática, pela democracia participativa, o Estado Democrático de Direito, sem anistia aos golpistas e pelo fim do genocídio das mulheres e crianças de Gaza e do mundo inteiro.
Dentre estas pautas, infelizmente o tema da violência contra as mulheres segue sendo uma das principais pautas, embora os dados de 2024 tenham demonstrado uma redução de 5% dos casos de feminicídios as práticas de violência contra as mulheres seguem alarmantes, plurais e cada vez mais bárbaras, com requintes de crueldades inaceitáveis. A cada 6 horas é registrado uma tentativa ou assassinato de uma mulher. “O Anuário da ONU Mulheres”, sobre assassinatos de mulheres e meninas no mundo, revela que mais de 51 mil pessoas do gênero feminino foram mortas por seus parceiros ou membros da família em 2023.
O Brasil segue no ranking dos cinco países que mais espancam e matam mulheres. Além da violência física e os feminicídios, permanecem um leque de outras violências que a cada dia violam os corpos e a dignidades das mulheres e meninas, dentre elas a violência sexual, o tráfico de pessoas, assédio sexual, a violência patrimonial, psicológica, a violência política, dentre outras.
O tema “Pela Vida de Todas as Mulheres, estamos aqui”, reforça o apelo para que a luta, contra as violências seja de todas e todos e, em defesa de todas elas, independente de orientação sexual e sexo biológico e raça.
Pastoralmente, como Igreja que defende a vida e a dignidade dos mais pobres, dos migrantes, das mulheres e crianças, que assume a missão de enfrentar o tráfico humano, somos convidadas/os a nos unir as ações de luta das mulheres em nossas comunidades e territórios intensificando nossos esforços para que as relações de reciprocidades e igualdade nas relações de gênero, o fim das violências e o participação das mulheres seja um compromisso evangélico-profético ao modo de Jesus que não condenou nem excluiu as mulheres do seu projeto de vida em abundância para todas e todos.
A Comissão especial Pastoral de enfrentamento ao Tráfico Humano, a Rede Um Grito pela Vida, O Serviço Pastoral dos Migrantes, a Pastoral da Mulher Marginalizada e outras pastorais ou grupos afins, se unem às iniciativas que serão realizadas em seus espaços de atuação no dia 08 de março, e convidam vocês a fazerem o mesmo. Mostremos que pelo nosso compromisso de fé “Ainda estamos aqui, pela vida das Mulheres”! Pelo fim das violências e pela equidade de gênero. Traga sua bandeira de luta! Feliz 08 de março, feliz dia de luta!
Irmã Eurides Alves de Oliveira, ICM